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Intervenção digital

Os estudos gerontológicos, principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, carecem de pesquisas sobre a importância dos espaços comunicativos e de seus reflexos nos transtornos depressivos. Na presente investigação, pretende-se categorizar os riscos sociais e de saúde da depressão em idosos, verificando de que forma os processos de interação e de comunicação podem contribuir na intervenção psicoterapêutica da depressão.

No contexto do envelhecimento populacional, trata-se de identificar quais são os problemas prioritários para a população idosa brasileira e de definir que ações devem ser privilegiadas para enfrentar esses problemas. Estudos epidemiológicos são essenciais para identificar problemas, de modo a orientar decisões relativas à definição de prioridades para intervenção. Entretanto, quando o foco de interesse desloca-se da definição de problemas prioritários em saúde, para as ações que devem ser privilegiadas para resolvê-los, os estudos antropológicos tornam-se imprescindíveis.

Para que possa desenvolver intervenções adequadas às características sociais e culturais da população idosa, é necessário conhecer os recortes epidemiológicos, conhecer as formas biopsicossociais na constituição da depressão e como os idosos enfrentam e vivenciam o processo depressivo, e que caminhos são definidos para minimizar ou superá-lo.

Na literatura, vários autores têm demonstrado que benefício a re-inserção social pode proporcionar aos idosos quando se encontram solitários e com manifestas expressões depressivas. A longevidade da população tem sido exaustivamente comprovada pelos levantamentos do IBGE. Os dados demográficos indicam uma acelerada mudança no comportamento dos índices populacionais nas últimas décadas. Até 1950, no Brasil, a população com mais de 60 anos perfazia um índice de apenas 4,2%; em 1990, chegava a 7% da população e para o ano de 2025, está projetada para 14% a população com mais de sessenta anos. A expectativa de vida estava em torno de 40 anos em 1950; em 2001, baseados em dados do IBGE, a expectativa de vida já chegava aos 71 anos. Entretanto, a expectativa de vida saudável, no Brasil, é de 52,2 e de 61,1 anos para homens e mulheres respectivamente. Dessa forma, há a necessidade de avaliar que doenças são passíveis de controle, para aliviar o sofrimento precoce dessa população. Doenças como as demências e a depressão têm se constituído em preocupação especial, uma vez que seu impacto, além de envolver os idosos doentes, também abarca um universo significativo de pessoas, de modo especial os familiares e os cuidadores.

A presente investigação envolverá um grupo de pessoas idosas com sintomas de depressão comprovados. Assim, há a necessidade de esclarecer quais são os riscos sociais e/ou de saúde que incidem na configuração da depressão. Por outro lado, além de avaliar os riscos sociais em relação aos orgânicos, em pessoas deprimidas, convém avaliar e investigar os espaços sociais necessários e percebidos por seus portadores como minimizadores da doença. A hipótese central dessa investigação reside na crença da comunicação e da interação como variáveis decisivas na promoção da saúde mental e, conseqüentemente, os benefícios da inserção social. Primeiramente, é necessário avaliar os fatores de risco social das perdas comunicativas e dos riscos orgânicos, apontar os espaços sociais de comunicação para reversão do estado afetivo dos idosos em depressão. Assim, é possível pesquisar caminhos educacionais a serem percorridos tanto para prevenção como para a minimização dos efeitos da doença.

Os dados apontam para o número elevado de idosos em estado depressivo, o que demonstra a relevância dessa pesquisa em razão de seu impacto social. Estima que a expectativa de doença mental eleva-se de 34% aos 61 anos para 67% aos 81, tornando-se um dos fatores preocupantes quanto à repercussão em saúde pública. A depressão, com todas as nuances e características atípicas que pode apresentar para os idosos, além de suas conseqüentes dificuldades diagnósticas, ocupa um lugar de destaque entre as doenças mentais. A depressão é diagnosticada em 3 a 5% da população e cerca de 15% mostram-se com sintomas depressivos, sendo que em instituições pode alcançar 25 a 30% dos internos, evidenciando-se, assim, o quanto o limite da comunicação marcam sua contundente influência no acometimento da doença.

Entre pacientes com 65 anos ou mais, 17 a 30% apresentam sintomas depressivos em unidades de atenção primária, estatística que pode variar na dependência de critérios de avaliação dos diferentes estudos. Para os idosos institucionalizados com sintomas depressivos, as taxas variam entre 10 a 30% e quanto à depressão maior a variação está entre 5 a 12%. Para idosos hospitalizados, a depressão situa-se em torno de 25%, notando-se que as morbidades também são importantes fatores desencadeantes da doença.

A presente investigação justifica-se, também, uma vez que os resultados previstos poderão auxiliar tanto os portadores da doença como os seus familiares, reduzindo ou afastando os impactos negativos no seu ambiente íntimo, como aqueles referentes aos custos financeiros, ao prejuízo nas atividades sociais e ao prazer de viver. A educação gerontológica poderá obter dados significativos dispondo aos gerontólogos, geriatras e agentes sociais orientações mais seguras sobre ações a serem promovidas em programas de ordem cultural, socioeducativa, de apoio individual e, particularmente, em grupos de convivência.

Ao detectar os riscos sociais mais importantes e como atuam na etiologia da depressão, ao avaliar o universo dos caminhos do resgate do bem-estar biopsicossocial dos idosos, oferecendo um espaço para uma efetiva gerontogogia na área de saúde, acredita-se que esteja legitimada a pesquisa sobre as relações entre a comunicação, a interação e a depressão.

 
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